Grande parte das complicações por procedimentos estéticos não são a nível de suporte de urgência e emergência, mas de fácil resolução ambulatorial. Ou seja, não há a necessidade de internação e intervenção multiprofissional, cirúrgica e/ou hospitalar.
Os procedimentos injetáveis, por exemplo, são bem menos agressivos do que as cirurgias plásticas e em geral não são nocivos aos corpo humano. Por isso, quando seguido a risca as orientações de cuidados pré e pós do profissional responsável, somente casos extremamente raros poderiam levar um paciente a ficar instável e necessitado de suporte externo ao do profissional que o acompanha.
Fora isso, a maioria dos ativos utilizados é compatível com a vida, ou seja, a maioria é a base de alguma substância que o próprio organismo possui e/ou produz. Exemplo: Temos ácido hialurônico e colágeno nas cartilagens, ligamentos… E assim suscetivamente para enzimas, suplementos e afins. São as chamadas substâncias biocompatíveis.
Ao lidar com cada substância, o profissional estuda quais são os riscos, complicações e intercorrências, e cada um desses itens, possui características de sinais e sintomas específicos.
Logo, além do uso seguro, ainda que haja uma intercorrência, a reversão pode ser feita em tempo a partir da observação do paciente.
Mas ainda assim, precisamos entender como funciona um atendimento de urgência ou emergência para um paciente instável.
Como funciona o atendimento de urgência e emergência?
No Brasil, não apenas em casos de complicações desse nível em procedimentos estéticos, mas de forma geral, toda intervenção que necessita de pronto-socorro, seja por procedimento estético, acidente ou qualquer outro, é realizada pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que quando acionado em ligação possui um protocolo operacional padrão, onde se identifica qual é a emergência e a gravidade da situação, enquanto há orientação da pessoa que está ao telefone, que faz o emcaminhamento da ambulância com o devido suporte para o caso.
O SAMU é composto por uma equipe multidisciplinar de profissionais treinados para atuar em situações de emergência. Os principais profissionais que compõem o corpo profissional do SAMU são:
- Médicos: Responsáveis pela avaliação inicial do paciente, decisões clínicas e administração de tratamentos emergenciais avançados.
- Enfermeiros: Apoiam os médicos na avaliação e tratamento do paciente, administração de medicamentos, realização de procedimentos e cuidados de enfermagem.
- Técnicos de Enfermagem: Prestam suporte direto ao enfermeiro e médico, auxiliando na estabilização do paciente, administração de medicamentos e realização de procedimentos básicos.
- Condutor Socorrista (Motorista): Responsável pela condução segura da ambulância até o local da ocorrência e para o hospital, seguindo protocolos de segurança e trânsito.
Além desses profissionais, algumas equipes do SAMU podem incluir outros profissionais de saúde, como fisioterapeutas e técnicos em radiologia, dependendo da necessidade e dos recursos disponíveis.
O trabalho integrado desses profissionais permite uma resposta rápida e eficiente em situações de emergência, visando estabilizar e transportar o paciente com segurança para o atendimento hospitalar adequado.
Qual a importância do tempo no socorro?
Para cada caso de atendimento do SAMU, existe um tipo de POP (Procedimento Operacional Padrão) e um kit específico de equipamentos e materiais de saúde, que ficam armazenados em local adequado e estéril, pronto para uso, facilitando o ganho de tempo, crucial para o sucesso no atendimento de situações de urgência e emergência.
Um exemplo claro do quão importante é o tempo para o pronto-socorro de sucesso, é que a lipoaspiração, que é chamada de cirurgia e tem subtipos como mini-lipo e lipo HD, que envolve a remoção de gordura por meio de cânulas inseridas através da pele, deve ser realizada em centros cirúrgicos, mesmo não se enquadrando em um procedimento invasivo, por não atingir órgãos internos, mas por apresentar a maior taxa de mortalidade segundo pesquisas na classificação dos óbitos em cirurgia plástica, e o principal motivo se dá ao erro médico mecânico-manual de perfuração intestinal, seguido de embolia gordurosa, tromboembolismo pulmonar, hemorragia e causa indeterminada.
No socorro, o tempo é o ativo mais importante, e por isso, se tem a premssa de que ao fazer uma lipoaspiração é melhor pagar pelo bloco cirúrgico e não precisar utilizar, do que não pagar, precisar e não ter socorro em tempo hábil! Como no caso das cirurgias de lipoaspiração feitas fora de bloco cirúrgico, também chamadas de cirurgias de lipoaspiração clandestinas.
Socorro fora o SAMU em carro particular é correto?
Independente do motivo de pronto-socorro, é importante ressaltar que conforme as informações dadas aos profissionais de saúde ou para os demais, como até mesmo nas autoescolas, a recomendação é de que toda locomoção de socorro até o hospital deva ser feita apenas pelo SAMU para garantir o atendimento adequado e seguro à vítima, pelos seguintes motivos:
- Falta de Equipamentos Adequados: Muitos carros pessoais não estão equipados com itens essenciais para o transporte seguro de feridos, como macas, cintos de segurança especiais para imobilização, ou equipamentos de socorros básicos.
- Responsabilidade e Seguro: Ao transportar um ferido em um carro pessoal, o condutor pode se tornar responsável pelos cuidados imediatos da vítima, o que pode incluir riscos legais e de responsabilidade civil caso algo ocorra durante o transporte.
- Treinamento Especializado: Socorrer feridos envolve conhecimentos específicos sobre primeiros socorros, cuidados com a coluna cervical e técnicas de transporte seguro. Os profissionais treinados, como bombeiros e paramédicos, recebem treinamento adequado para essas situações.
- Concentração na Condução: Transportar um ferido pode ser uma distração significativa para o condutor, especialmente em situações de emergência. A prioridade deve ser manter o foco na segurança da condução.
- Riscos de Complicações Médicas: Dependendo da gravidade dos ferimentos, movimentar a vítima de forma inadequada pode agravar suas condições médicas, especialmente se houver suspeita de lesões na coluna vertebral ou traumatismos graves.
As responsabilidades civis mencionadas no item 2 referem-se à possibilidade de o condutor do veículo se tornar responsável por eventuais danos ou complicações que ocorram durante o transporte de um ferido em seu carro pessoal. Aqui estão alguns pontos principais:
- Dever de Cuidado: Quando uma pessoa decide transportar um ferido em seu veículo pessoal, assume implicitamente o dever de cuidado com essa pessoa. Isso significa que o condutor deve agir com prudência e seguir as melhores práticas para o transporte seguro, conforme as circunstâncias permitirem.
- Risco de Agravamento: Se durante o transporte a vítima sofrer agravamento de suas condições de saúde devido à maneira como foi transportada ou devido à falta de cuidados adequados, pode haver questionamentos legais sobre a responsabilidade do condutor nesses eventos.
- Indenizações e Custos: Em casos extremos, se a família ou os representantes legais da vítima acreditarem que o transporte inadequado contribuiu para danos adicionais ou agravamento das lesões, podem buscar compensação financeira por meio de ações judiciais civis. Isso poderia incluir custos médicos adicionais, perda de renda futura da vítima ou compensação por dor e sofrimento.
- Seguro de Responsabilidade Civil: Muitos países exigem que os proprietários de veículos tenham seguro de responsabilidade civil para cobrir danos causados a terceiros. Se um ferido sofrer danos adicionais devido ao transporte em um veículo particular, o seguro do condutor poderia ser acionado para cobrir parte desses custos. No entanto, isso pode variar dependendo das circunstâncias e das políticas específicas do seguro.
As informações sobre as responsabilidades civis relacionadas ao transporte de feridos em veículos pessoais estão fundamentadas principalmente em princípios gerais do direito civil e em legislações específicas de trânsito e responsabilidade civil. As bases legais relevantes, especialmente no contexto brasileiro são:
- Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002):
- O Código Civil estabelece os princípios gerais de responsabilidade civil, que incluem a obrigação de reparar danos causados a terceiros.
- Artigos relevantes: Artigos 186 (responsabilidade civil por danos) e 927 (dever de reparar o dano).
- Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/1997):
- O CTB regula as normas de trânsito no Brasil e define deveres e responsabilidades dos condutores em diversas situações, incluindo acidentes e transporte de feridos.
- Artigos relevantes: Artigo 176 (dever de prestar socorro à vítima de acidente) e Artigo 186 (sobre negligência no trânsito, que pode ser aplicável em casos de transporte inadequado de feridos).
- Jurisprudência Brasileira:
- Além das leis, decisões judiciais anteriores (jurisprudência) podem servir de orientação sobre como as responsabilidades civis são interpretadas e aplicadas em casos específicos envolvendo transporte de feridos.
- Seguro de Responsabilidade Civil:
- Os contratos de seguro de veículos normalmente cobrem danos causados a terceiros, incluindo situações onde o transporte de um ferido pode resultar em responsabilização civil do condutor.
Embora não haja uma lei específica que trate exclusivamente do transporte de pacientes em estado grave em veículos pessoais, as responsabilidades derivam principalmente dos princípios gerais de cuidado, da legislação de trânsito que impõe o dever de socorro às vítimas, e das normas de responsabilidade civil que regem as consequências de ações ou omissões que possam resultar em danos a terceiros. É importante consultar um advogado especializado para orientações específicas e atualizadas sobre responsabilidades civis em casos concretos.
Ou seja, ainda que você seja um profissional habilitado em APH (Atendimento Pré-Hospitalar), não se deve arriscar levando o paciente em carro particular, para não privá-lo de todo o suporte de maquinário, material e equipe multidisciplinar que lhe é devido.
Em resumo, podemos concluir que procedimentos injetáveis, em regra, não apresentam grandes complicações ao ponto de necessitar de pronto-socorro, mas ainda que ocorra essa necessidade, a intervenção não é realizada apenas por um único profissional de saúde, sendo dever de todo profissional, até mesmo se este for um médico, não negar o socorro devido ao seu paciente, chamando o SAMU como qualquer outro profissional chamaria.
Quem pode prestar APH?
De acordo com a OMS, a saúde é:
“Estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não, simplesmente, a ausência de doenças ou enfermidades”.
O curso de APH é de livre acesso a qualquer um que apoie a vida!
Em grandes empresas é normal que funcionários recebam treinamento APH para trazer conhecimento e dignidade no suporte a vida.
Preceito ético
Assim sendo, deve-se seguir o preceito ético de que cada profissional tem autonomia para atuar conforme os limites e as competências específicas de sua formação, contribuindo para o cuidado integral do paciente.
Uma equipe formada por profissionais dotados de habilidades distintas, que atua em harmonia, reconhece a importância da ação individual de cada um de seus membros, obtém como resultado uma contribuição direta muito mais eficaz com a saúde dos indivíduos sob seus cuidados!
Logo, podemos pontuar, que ao colocar o médico como o único capaz de intervir em uma complicação por procedimento estético é incapacitar, desqualificar e até mesmo insultar toda a equipe multiprofissional restante envolvida diariamente no atendimento do paciente, além de perda significativa para aquele que deveria ser o foco de toda busca por melhoria: o paciente final.